Quem foi Luce Fabbri

Luce Fabbri nasceu em Roma em 1908, mas foi em Bologna que viveu durante sua juventude. Lá, conheceu o movimento anarquista operário e sua luta pela emancipação. Na mesma cidade, também presenciou as ações violentas e inescrupulosas das milícias italianas: os camisas negras. De acordo com a pesquisadora Elena Schembri, que assina um dos prefácios de Fascismo: definição e história, o conhecimento direto da Primeira Guerra Mundial, do fascismo e da experiência como exilada, tanto na França, onde entrou em contato com o ambiente dos refugiados antifascistas e de militantes anarquistas críticos ao regime russo, quanto no Uruguai, com a vivência com os exilados italianos e argentinos, marcaram suas reflexões”. Filha de Luigi Fabbri, pensador anarquista, Luce é continuadora de uma das teses de seu pai: que o fascismo foi uma contrarrevolução preventiva. Motivos culturais, políticos e sentimentais aliaram-se de forma consciente ou inconsciente à causa econômica e prepararam o terreno para o crescimento do movimento fascista e a formação de seu contraditório conteúdo teórico. Classismo, autoritarismo, nacionalismo e tradicionalismo eram as bandeiras deste tipo de totalitarismo, explica Schembri no texto “5 mulheres revolucionárias que lutaram contra o autoritarismo“.

(Texto foi publicado no site As Mina na História)

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A leitura da obra de Luce Fabbri não se resume a conhecer mais um alerta insistente de presença do fascismo, mas de entender a conexão entre a sede “de autoridade, direção e ordem” (MUSSOLINI,2019,p. 38), que se verte em torrente de horror, e a inércia indiferente da atualidade, que condiciona o assassínio de si e a perpetuação da servidão(ADORNO, 2005). Somente compreendendo esse elo nebuloso é possível criar defesas contra o fascismo, tendo em conta coisas a serem cultivadas: a singularidade de cada um, a responsabilidade para com o outro e para com o coletivo, o engajamento e a consciência de classe. Arthur Willian Soares Alves

(Texto foi publicado na revista Pergaminho)